O show praticamente parou o país. Ao todo, 100 mil pessoas estiveram presentes, o que corresponde a ¼ da população de Brunei.
Na época em que era considerado o homem mais rico do mundo, o sultão de Brunei resolveu comemorar os 50 anos dele dando um
presente especialíssimo para o povo: um show inteirinho do Michael Jackson.
No dia 16 de julho de 1996, aconteceu o concerto real, que dizem que custou US$ 20 milhões. Foi um show especialíssimo. A pedido do sultão, Michael Jackson cantou seus maiores sucessos. O show praticamente parou o país. Ao todo, 100 mil pessoas estiveram presentes, o que corresponde a ¼ da população de Brunei.
Além de serem ligados no mundo, os moradores de Brunei também são muito ligados a suas tradições, como a grande celebração do nascimento do profeta Maomé, a principal figura religiosa do islã.
No dia de procissão, o sultão parece feliz no meio do povo, estende a mão a todos. Quase não há segurança. Nenhuma das pessoas da equipe do Globo Repórter, por exemplo, foi revistada.
Mulheres não podem participar, ficam de longe nas arquibancadas. É um momento muito especial para os muçulmanos, uma celebração descontraída e alegre. E para muitos é a oportunidade de fazer pedidos diretamente ao sultão.
Mas eles têm um jeitinho: na hora de cumprimentar, um homem passa um pequeno papel para o sultão. E ele, claro, repassa o pedido a um assessor. É assim ou em encontros ao acaso, quando o sultão vai às mesquitas para orar nas sextas-feiras, que muitas pessoas fazem os seus pedidos.
Alguns moradores pediram e conseguiram casas novas mais perto da cidade. Em uma delas, mora a aposentada Hajjah Siti, de 62 anos, de uma família de pescadores. “Aqui, nós não temos dificuldades. A vida é boa. Na casa velha que tínhamos, não havia eletricidade nem água. Não era seguro, e era muito longe da cidade”, conta a senhora.
Na sala, ela mostra orgulhosa suas fotos preferidas: os seis filhos, os netos, a foto de Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos e, é claro, fotos do sultão e da rainha mais velha. “Gostamos dele não por causa da casa. Ele é o nosso rei, um rei bondoso, que cuida de nós, que trabalha muito pelo nosso país”, elogia Hajjah Siti.
Para a população de Brunei, o sultão faz tudo isso, porque é muito bom, generoso. Mas doar para quem precisa é um dos cinco pilares da religião muçulmana. Ela é chamada em árabe de zakat. A doação é uma forma de purificar a riqueza.
Foi assim, seguindo fielmente a palavra de Alá, que o sultão de Brunei conseguiu uma legião de seguidores. E tem que ser rápido para conseguir acompanhá-lo.
Da procissão em homenagem a Maomé, as mulheres não podem participar, mas a repórter Glória Maria tenta e fica perto, tentando observar o sultão. Ele anda tão rápido que todos os participantes costumam vir de tênis, para acompanhar o ritmo dele.
Uma multidão toma as ruas de Bandar. E a face mais descontraída da realeza aparece. O sultão e os príncipes parecem se divertir com a nossa insistência em mostrá-los. E esquece por alguns momentos o rígido protocolo e até acena para a equipe, uma imagem que não vamos esquecer.
http://g1.globo.com/globoreporter/0,,MUL1564169-16619,00-SULTAO+CELEBROU+ANOS+COM+SHOW+DO+MICHAEL+JACKSON.html