Por Victor Barroco 13/7/2009 - 19:02
Michael era uma figura excêntrica. Gastava rios de dinheiro em vasos,
brinquedos, cirurgias plásticas e remédios. Sua dívida, estimada em US$
500 milhões, é constantemente lembrada em veículos de comunicação de
todo o mundo. Mas o rei do pop e da extravagância pode estender seu
reinado a um outro campo pouco explorado até agora: o das doações. De
acordo com o Guiness Book - Millenium edition (o livro dos recordes),
lançado em 2000, Michael foi o cantor que mais promoveu doações, seja
de patrocinadores ou do próprio bolso, entre os anos de 1984 e 1999. Em
vida, ajudou trinta e nove entidades, envolvidas com as mais diversas
causas (de HIV a crianças com fome e até pessoas com problemas
psiquiátricos).
Mesmo em declínio financeiro, ele continuaria suas ações nos anos
seguintes. Michael fazia ainda visitas secretas a hospitais e tinha
quartos especiais no rancho de Neverland, na Califórnia, para crianças
em estado terminal. Por que, então, pouco se falou sobre o assunto?
Felizmente, não se trata de nenhum tipo de saudosismo ou beatificação
de uma figura pública. Trata-se apenas de uma questão de
reconhecimento. E bem merecida.
We are the World - USA for Africa
A despeito de todas acusações, incluindo os casos de pedofilia, Michael
era um homem que ligava para os problemas do mundo, especialmente com a
saúde e proteção de crianças de diversas nações. Ele retratou suas
preocupações em canções como Heal the world, Earth Song e Will you be
there. Um dos eventos de ajuda mais marcantes, sem dúvida, ocorreu em
28 de janeiro de 1985: o USA for Africa. Na ocasião, Michael e Lionel
Richie escreveram We are the World como parte de um single produzido
por Quincy Jones para arrecadar fundos e chamar atenção para a situação
da fome na África.
O compacto, gravado por quarenta e cinco artistas americanos (Tina
Turner, Bob Dylan e Bruce Springsteen e outros), alcançou as paradas de
sucesso daquele ano nos Estados Unidos e Inglaterra e vendeu mais de
7,5 milhões de cópias. O total arrecadado, contando ainda o videoclipe
mais merchandising, chegou a US$ 50 milhões - doados para a fundação
USA for Africa para ajudar vítimas daquele continente.
Michael e a causa do HIV
Muito antes de outros artistas, Michael abraçaria ainda a causa da Aids
na época em que a doença era vista com bastante preconceito. Sua luta
se tornaria notória principalmente depois da amizade com o jovem Ryan
White, com então 17 anos, em dezembro de 1989. Hemofílico, Ryan
contraíra o vírus HIV durante uma transfusão de sangue. Foi
discriminado, mas com ajuda de Michael e outros famosos, como Elton
John, conseguiu lutar contra o preconceito até sua morte prematura em
1990, de insuficiência respiratória. Por conta disso, Michael compôs
Gone too soon, que não chegou a virar um hit, mas foi uma bela
homenagem ao amigo.
Em fevereiro de 92, durante coletiva no New York Radio City Music Hall,
em Nova York, Michael anunciou uma nova turnê mundial para arrecadar
dinheiro para a fundação Heal the World, que combatia o HIV, diabetes
juvenil e apoiava outras fundações, como a Ronald McDonald e a Make a
Wish. No ano seguinte, na cerimônia da posse de Bill Clinton, cantou
Gone too soon, chamando atenção para a questão das vítimas do HIV. Em
1994, doou US$ 500 mil à fundação que leva o nome da amiga, a Elizabeth
Taylors Aids Foundation.
Estas foram só algumas ações empreendidas pelo rei do pop em prol das
mais variadas causas. Faltam muitas outras, sem dúvida. E mesmo depois
de morto, ele, supreendentemente, continuaria sua ajuda. Em um suposto
testamento divulgado recentemente, o cantor deixou sua fortuna para um
fundo familiar, em nome dos filhos e da mãe, e doou parte do dinheiro a
diversas instituições não especificadas. Mesmo negando que era
homossexual, Michael sem duvida foi um ícone gay. Ele morreria quarenta
anos depois de outro mito que causou comoção, a atriz Judy Garland,
praticamente na mesma época do levante de Stonewall. Outra coincidência?
Fonte: www.acapa.com.br